madrugada

silêncio. ninguém anda no apartamento de cima, não se ouve as vozes dos transeuntes vindas da frente, finda-se a zoada das obras nos trilhos do bonde, a falta de luz esconde o tapete de poluição que cobre a cidade, é noite alta, quase finda-se a vida, é quando acordo pras coisas que me interessam. no silêncio a minha cabeça parece realmente funcionar. na solidão da noite me faço acompanhar das situações imaginárias que me surgem o tempo todo na cabeça e dou-lhes casas novas no papel. às vezes elas gostam do novo lar, em outras, reclamam, mas não tem mais jeito, já caíram na vida e vão ter que se virar, agradar ou desagradar, criar personalidade, emocionar ou entediar, enfim, sobreviver à minha mediocridade, ao meu silêncio, à vida além da concha.
deus salve a madrugada e seus silêncios. e aos pobres coitados que lêem meus textos.
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